A PROSTITUIÇÃO NÃO É UMA PROFISSÃO ANTIGA
Fica-se sempre chocado quando se lê algo sobre a prostituição. Fica-se revoltado quando se chama à prostituição profissão e acrescenta-se a mais antiga do mundo. Apesar de fortemente disseminada no senso comum, a ideia de que a prostituição seja a profissão mais antiga do mundo, não existe qualquer fundamento histórico ou antropológico que ateste essa teoria, já que os mais antigos registos de actividades humanas revelam as mais variadas especializações como agricultura e caça, mas raramente revelam indícios de prostituição, que normalmente exige um contexto social posterior. O Jornal o País trouxe uma reportagem do Lubango sobre a prostituição ali existente e preocupante a todos os níveis. Já em tempos fizemos referência ao mesmo flagelo aqui em Luanda, com mulheres angolanas e estrangeiras. O título da reportagem é SEXO SOB O OLHAR DE NOSSA SENHORA - pois as jovens levam os seus clientes para a imediações da Igreja de Nossa Senhora do Monte. A policia acha que o negócio tem os seus tentáculos em pessoas influentes senão seria melhor combatido. Um estudo da socióloga Raida Neusa Gomes Nelson afirma que há quatro níveis de prostituição. Alto nível, familiar, alto risco e trabalho sexual. A de alto nível é praticada por mulheres da elite que trabalham e que seleccionam os seus clientes de elevado poder financeiro. Tê, um status social elevado, um bom emprego, mas querem mais. As prostitutas de família, são donas de casa, casadas ou vivendo maritalmente e que por questões económicas se sujeitam algumas delas com o conhecimento e consentimento do cônjuge. As de alto risco são as jovens e adolescentes que estão nas ruas e muitas vezes são maltratadas. E finalmente as trabalhadoras sexuais que atendem os seus clientes em casas próprias. Assumem publicamente o seu oficio. Diz a especialista que muitas destas mulheres são conhecidas tal como os seus clientes. Este é um problema social, muito difícil de resolver. Pensamos que nenhuma sociedade conseguiu bani-lo totalmente. Há quem o legalize como profissão como acontece com a Alemanha, ou quem de alguma forma proteja as mulheres que se dedicam a essa actividade, com informações e aconselhamento médico. Das cortesãs às mulheres de má vida a história da humanidade tem sido sempre confrontada com a existência de mulheres que usam as relações sexuais para obter favores materiais. Modernamente a prostituição atingiu as crianças e a internet entrou no circuito. A ONU, em 1949, denunciou e tentou tomar medidas para o controle da prostituição no mundo. Desde o início do século XX, os países ocidentais tomaram medidas visando retirar a prostituição da actividade criminosa onde se tinha inserido no século anterior, quando a exploração sexual passou a ser executada por grandes grupos do crime organizado; portanto, havia a necessidade de desvincular prostituição propriamente dita de crime, de forma a minimizar e diminuir o lucro dos criminosos. Dessa forma as prostitutas passaram a ser somente perseguidas pelos órgãos de repressão se incitassem ou fomentassem a actividade publicamente. Verifica-se que na prática houve e há situações de tolerância ou de impotência por parte das autoridades já que, como todos os flagelos sociais, a principal causa é a pobreza a exclusão e para as mulheres de alto nível a falta de respeito por si próprias, o que no fundo acaba por ser uma carência, a pior de todas.
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