CRÓNICA DE VIAGEM (para um programa de rádio EMOÇÕES NO FEMININO)


As nossas emoções hoje voltam-se para o prazer de viajar. Viajar é preciso. Este é o lema que temos adoptado nestes últimos tempos, e que aplicamos sempre que haja possibilidades de o fazer. A eliminação dos cartões de débito e a limitação dos cartões de crédito e transferências acabam por coartar esse prazer que elegemos para esta fase da nossa vida. Os cidadãos de todo o mundo deslocam-se muitas vezes em grupo. Pertencem a organizações que escolhem uma cidade para uma celebração e lá vão eles dar um passeio. Há a Academia do Bacalhau, há os congressos de salsa, as celebrações religiosas e no nosso caso o intercâmbio desportivo de veteranos, entre os clubes de ténis. Os veteranos levam a família se assim entenderem, já que as despesas correm por conta de cada um. Foi assim que fomos ao Ruanda. É verdade. Naquele país sofrido joga-se ténis. O embaixador do Ruanda no nosso país é sócio do clube de ténis e organizou a ida dos tenistas angolanos ao seu país. Foi-nos recomendado fazer a inscrição no site dedicado aos assuntos migratórios e o visto seria dado no aeroporto no valor de trinta dólares. Em trânsito passámos por Joanesburgo, onde os passaportes dos não angolanos, foram passados a pente fino, com alguns problemas, já que ao adoptarmos o digital, às vezes ficamos pendurados. A estadia na cidade de Kigali foi muito bem organizada e incluiu visita ao Memorial do Genocídio. Este um lugar em que o visitante experimenta sentimentos desencontrados, onde prevalece a tristeza por conhecer mais de perto os detalhes de uma das maiores tragédias do mundo contemporâneo. A delegação angolana fez também uma visita ao edificio do RDB – Rwanda Devepment Board, uma agência governamental que mostra que o país está aberto ao investimento. Recebidos pelas chefias, fomos informados das condições de investimento privado no país e da celeridade dos processos que decorrem num mesmo edificio e onde provámos o café ruandês. Depois o repasto num dos hoteis mais modernos da capital. A cultura fez parte do itinerário e fomos levados a ver o grupo INTAYOBERANA, com cuja directora tivemos o prazer de conversar. Beruna Carine, diz eu começou a dançar pequena, participou em vários festivais e já visitou vários países como Espanha, França, Inglaterra, China etc. A dança tem como base a vida das populaçoes, imitando os passos da gazela, participando na colheita dos grãos e as práticas guerreiras. Música e dança são partes integrantes de cerimônias, festivais, eventos sociais e das histórias contadas no Ruanda. De Kigali partimos para as margens do Lago Kivu, o sexto maior do continente, para um Hotel localizado na cidade turística de Gisenyi.  Aí a oportunidade de admirar um mar de água de grande beleza, cujo contorno a vista não alcança. No regresso tivemos a confirmação das medidas de segurança experimentadas em todos os locais que visitámos, com aparelhos de raios X – a entrada de viaturas no parque do aeroporto obriga a que os passageiros desçam do transporte com as suas bagagens, para os cães farejarem, já no edifício as bagagens e seus portadores passam por mais dois controlos. Emoções no feminino hoje, pelo prazer de viajar. .Hoje as nossas emoções voltaram-se para o prazer de viajar. Os angolanos sempre gostaram de viajar. Já o fizeram vendendo umas grades de cerveja e depois pagando no país na sua moeda, percursos, hoteis e alimentação. Tudo isso faz parte do passado, apesar de haver sempre quem usufrua de algumas divisas para o fazer à vontade. Os angolanos encontram sempre uma forma de contornar as dificuldades. As autoridades que superintem o turismo dizem que devemos começar pelo turismo interno. Viajar pelo país é caro. Há quem faça um esforço e consiga levar angolanos e estrangeiros a viajar pelo país. Também é preciso conhecer o país que tem óptimos lugares, mas que não está organizado para fazer as pessoas usufruir deles, com qualidade e a um preço razoável. O Ruanda que visitámos há pouco tempo, sofreu um grande abalo humanitário, mas reerguido consegue receber turistas a quem a partir deste mês já não exige um visto de entrada antecipado. Nesta quadra festiva, muitas pessoas viajam. Vão para fora do país ou para outra provincia. Desejamos a todos que o façam com prazer e para o enriquecimento da alma, do pensamento e do corpo.









25 anos da LAC - UMA RÁDIO DE PRINCIPIOS

Muito boa noite

A LAC promoveu durante este ano, uma série de actividades comemorativas dos seus vinte e cinco anos.

Todas as empresas assinalam as suas datas, mas os meios de comunicação, que se dirigem a uma gama muito variada de pessoas, que são o foco da sua missão, costumam partilhar com elas esses momentos. Foi o que a LAC fez. Promoveu uma série de eventos para os seus ouvintes. O programa incluiu parcerias com diversas entidades, ligadas ao desporto, à cultura e contou com o patrocínio do BCI.

Hoje estamos aqui para homenagear muitas pessoas e entidades que ao longo destes vinte e cinco anos, de forma pontual ou continuada, graciosamente, ou minimamente retribuída, dedicaram a sua atenção à LAC. 

Só assim conseguimos vencer muitos obstáculos e chegar ate aqui com altos e baixos, mas sempre com o sentido do equilíbrio. Com algumas desistências intempestivas na programação fruto de incompreensões mais sentidas do que impostas.

Só assim, com a presença de quadros de grande capacidade técnica, conseguimos ser uma referência da radiodifusão angolana.

Recebam o certificado que representa aquilo a que se pode chamar  defesa de princípios. A LAC é uma estação com princípios e que os procura disseminar na nossa sociedade. Assim nada mais justo que homenagear os nossos amigos, alguns deles já partidos deste mundo. Há igualmente neste particular, uma chamada para aqueles trabalhadores que vestem a camisola da LAC e dedicam horas e horas a trabalhar nos diferentes projectos sem olhar a horários e a remunerações extra.

Não vale a pena nesta noite falar do nosso negócio, só queremos festejar! Convido-vos a isso à festa dos nossos vinte e cinco anos. Muito obrigado a todos.

 

 

 

 

 

 

EMOÇÕES NO FEMININO

Emoções no feminino hoje olhando um pouco para o passado de quantas menopausas já vividas. As nossas e as das outras que se seguiram. A vida é mesmo assim. A determinada altura o corpo da mulher deixa de produzir estrogénio e progesterona e fica então descompensado. A sua vida fica por completo alterada. E ela fica sozinha, não consegue construir uma vida familiar sólida, não faz exercícios físicos nem mentais, deixando-se envolver por um clima de inveja em relação a outras mulheres mais resolvidas. Não respiram profundamente antes de decidirem intervir na esfera pública. Quem sabe a necessitar de um antidepressivo? Pela madrugada a mente a fervilhar de raiva, porque não destilar veneno pelo ciberespaço? Será? Não tem com quem discutir os seus pontos de vista tão firmes que na urgência da hora tem que partilhar. É só um click e já está. Um comentário de quem não gosta de julgar de quem não tem nada contra, mas que numa menopausa mal vivida resolveu beliscar.  À distância do tempo dos cabazes. Há distância de um tempo que ficou marcado por gerações de profissionais e de um percurso bem-sucedido. Sem alardes, sem adjectivos, apenas vivido honestamente, com todos os erros que a prática produz. Boa tarde cara ouvinte, se vive o período da menopausa, acalme-se. Esses fogachos e ondas de calor, vão passar. Não se precipite para as redes sociais, não revolva um passado que não é seu e que você não conhece, misturando nomes e fantasias, factos e suposições. O programa EMOÇÕES NO FEMININO deteve-se no tema - a menopausa. Quem diria que um período tão critico da vida de uma mulher desse um tema para conversa? Longe das questões médicas, longe dos calores e dos incómodos. Mas apenas como análise do comportamento pela vida fora, que o estatuto secundário das mulheres acabou por lhes trazer muitas dúvidas sobre elas próprias. Há muitas teorias sobre o relacionamento entre as mulheres. Diz-se que por norma as mulheres tratam de forma diferente as mulheres, por exemplo quando as atendem, com uma espécie de inveja. Numa repartição não se espera um tratamento harmonioso quando se trata de uma mulher a atender outra mulher. Diz que as mulheres sabotam as mulheres.  Numa luta por norma as mulheres nunca esperam que outras mulheres as ajudem; esperam que elas lhes roubem o momento, o homem, subvertam o elogio ou pura e simplesmente, destruam qualquer coisa de valioso. É um pouco neste sentido a figura da menopausa um período complicado para a vida da mulher e que pode envenenar um futuro de solidão, onde o êxito de outras mulheres a irrita. Mas nem tudo funciona assim, felizmente. Alguns autores dizem que as mulheres são socializadas para a solidariedade. Da mesma forma como são educadas para o diálogo e a mediação conflituosa. Desde as brincadeiras infantis, a sociedade as educa para a paz e para o amparo. Será?
Hoje estamos a falar das mulheres, de nós, que passamos ou havemos de passar pela menopausa, uma questão física que pode afectar psicologicamente a mulher. Normalmente fala-se da mulher em oposição ao homem, tudo no sentido da sua emancipação. Hoje estamos a falar dela como um ser humano que pode acarretar uma série de complexos, enquanto individuo e não como um todo. Um ser que pode destilar veneno no seu dia a dia, como um modo de actuar sempre em guarda contra qualquer ataque. O ataque é a melhor defesa, dizem alguns. Mas Harriet Rubin diz que não – nunca exerças a vingança – isso só fortalece o inimigo. Sê aberta e verdadeira. Sê determinada em não violar a essência da outra pessoa. Respeita a verdade das outras pessoas. A prontidão para ser ferida em acção, quando se tem um objectivo e se está a caminhar demonstra força. Diz ela, nunca exerças vingança ou castigo, ou faças o teu oponente acreditar que vai sobrar para ele, pois ele pode implicar-te numa mistura de orgulho e culpa que mina a tua posição, psicológica e eticamente. Então é assim que devemos fazer, não nos parece mal este conselho que nos manda construir silenciosamente uma vida rica, cheia de entusiasmo em torno dos nossos objectivos.





BAÚ DE RECORDAÇÕES

Ouvintes muito boa tarde       28 de Maio de 1993

Sexta-feira termina mais uma semana. A LAC termina em grande, com uma entrevista que o Presidente da República concedeu aos jornalistas ISMAEL MATEUS e PAULA SIMONS. É assim a vida dos jornalistas. De vez em quando compensada com um trabalho de responsabilidade, ao mais alto nível. Não que o trabalho diário, não lhes traga satisfação. Trás e muita! Mas, é preciso de vez em quando levar as preocupações dos cidadãos, que escrevem, telefonam aos responsáveis e ouvir as suas respostas. Os ouvintes da Lac estão de parabéns.

(extracto da conversa com os ouvintes no horário das 18 às 19 horas)

 

 

Luisa Fançony

Directora Geral

luisa.fancony@lacluanda.co.ao
Tlm: +244 912 510 946

 

 

 

EMOÇÕES NO FEMININO

No programa EMOÇÕES NO FEMININO de quinta-feira, falei do tempo e não só. Como o tempo passa é uma expressão que se ouve diariamente. Antes parece que o “mundo vivia a passo, sem pressa”, como escreveu Luis fernando na introdução da entrevista à Luena. A Luena Amaro que em criança andou pelos palcos da RNA cantando, nos espectáculos Piô,   e que agora foi entrevistada, porque ficou em segundo lugar num concurso internacional de pesca.  “As décadas voaram, como não sucedia na primeira metade do seculo XX e o  progresso civilizacional parecia pedir licença para marinar, o mundo vivia a passo, sem pressa”, escreveu Luis Fernando. A Luena deu uma grande entrevista ao Jornal o País. Também nós reagimos à chamada de atenção de que uma vice-campeã angolana, é notícia. Rui Sancho que percebe dessas coisas diz que é do mar que vão chegar as medalhas de ouro e os campeões mundiais, mesmo que ninguém lhes preste grande atenção, o que não é o caso da Luena claro está. Dois marlins azuis e dois veleiros perfazendo um total de 1400 pontos – é obra e confirma que as mulheres não se medem aos palmos. Parabéns públicos porque pelo canal que divulgou o feito já tinhas sido felicitada, por mim em privado.  Mas começámos a falar do tempo que corre veloz nestes dias que passam. Voltando àqueles em que o mundo vivia sem pressa vamos lembrar os sonhos que todos tínhamos e que costumam ser resumidos, na frase não foi isso que nós combinámos”. Júlio de Almeida, a voz do ponto da situação politico militar na RNA, deu muitas entrevistas a propósito do lançamento em Portugal do seu livro VAICONDEUS SARL.  E na entrevista ao Expansão, falou da sociedade que se queria construir após a independência, com uma economia centralizada e onde quando se era nomeado para qualquer cargo se lia na última linha – e em especial as camadas mais desfavorecidas. Quase todos levavam a sério e isso significava que se pretendia construir uma sociedade em que as diferenças de classe não fossem abismais, mas ir trabalhando no sentido de fazer uma distribuição de rendimento nacional o mais equitativa possível. Mas nos últimos 25 anos trabalhou-se arduamente no sentido contrário, portanto a diferença de modelos entre o que se sonhava e o que foi feito, não significa uma diferença entre o sonho e a realidade, mas entre personalidades, que até podem ser as mesmas, biologicamente falando, mas completamente diferentes socialmente falando. E eu concluo, foi a falar nas camadas mais desfavorecidas que educámos os nossos filhos. Foi assim que a Luena e o Ondjaki cresceram. Com essa ideia do colectivo que se perdeu com os estados falhados do leste europeu. E o que combinámos com eles continua válido nas nossas famílias, onde o trabalho dignifica o homem e onde muitas vezes o presente lhes prega armadilhas, impedindo a realização de um projecto. Mas, nada que quebre as alegrias de uma vitória, de um ganho ou de um sucesso.


Luisa Fançony
luisa.fancony@lacluanda.co.ao
Tlm: +244 912 510 946




EMOÇÕES NO FEMININO

EMOÇÕES NO FEMININO e a  Marcha da Mulheres pela Despenalização do Aborto”, agendada para o próximo sábado, dia 18 de Março, entre as 10:00 e as 14:00 horas.  A concentração da marcha será no Cemitério de Santa Ana.
Neste mês de Março estamos a falar da luta das mulheres através da moda. Antes de entrarmos no assunto uma palavra de apreço às mulheres que não estão de acordo com o preceituado no novo código Penal no toca ao aborto. Na verdade, há muitos anos que as mulheres angolanas com uma visão mais aberta se batem pela despenalização do aborto. Mas por ser uma questão, como se diz fraturante, as suas propostas não passaram quando havia ainda ao calor das mudanças. Sabemos que muitas mulheres não apoiam a ideia de não penalizar o aborto. Há países que tinham uma leia aberta e que agora fruto de pressões de direita estreitam os motivos que podem levar a um aborto. Estudos de revistas especializadas contrariam o argumento de que leis severas contra o aborto reduzem a disseminação da prática. Analisando dados de 1995 a 2008, o levantamento do instituto americano Guttmacher mostra que as mais altas taxas de abortos estão justamente em regiões com legislação restritiva. Na América Latina, que tem relativamente o mais alto número de abortos em todo o mundo, a maioria dos países proíbe a prática, apontou u estudo. Em 2008, uma média de 32 entre mil mulheres (entre 15 e 44 anos) fizeram aborto na região. No mesmo ano, a taxa da África foi de 29 mulheres.  Em contrapartida, na Europa Ocidental – onde a legislação é mais permissiva -, esse número caiu para 12. Apesar de mostrar que a quantidade de abortos, após um período de queda, se estabilizou, o estudo destaca que a prática realizada de maneira insegura vem crescendo. O número de gestações interrompidas com práticas que apresentam riscos às mulheres cresceu entre os dois períodos analisados, de 44% em 1995 para 49% em 2008. EM África, a taxa chega a 97% do total de abortos mal sucedidos. O continente é seguido pela América Latina (95%), Ásia (40%), Oceania (15%), Europa (9%) e América do Norte (menos que 0,5%)."A base da legislação que permite abortos deve ser ampliada, para reduzir a necessidade das mulheres de recorrer a abortos clandestinos", diz o relatório do Instituto Guttmacher, que é parceiro Organização Mundial da Saúde. Uma reivindicaçao do movimento feminista foi e é pelo fim da punição  a quem pratica o aborto. Ninguém é a favor do aborto, mas ninguém consegue parar com os abortos clandestinos que ocorrem em toda a pa rte. É daquelas questões que nenhum estado consegue controlar e que só sabe se correr mal e muitas vezes já é tarde para salvar a vida da mulher. No sábado há uma marcha que sai do Cemitério de Santana para o Largo das Heroínas. O grupo de cidadãs considera que a aprovação de tal disposição representa um retrocesso na luta pelo reconhecimento dos direitos humanos das mulheres e uma violação grosseira das garantias e postulados constantes do protocolo de Género e Desenvolvimento da SADC relativamente aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, do qual Angola é signatária e Estado Parte explicam as organizadoras no documento.




A BICICLETA E A EMANCIPAÇÃO DA MULHER

Andar de bicicleta fez mais pela emancipação da mulher do que qualquer outra coisa no mundo”, dizia a feminista americana Susan Anthony, no final do século XIX.

Caros leitores com as facilidades actuais, não custa encontrar temas interessantes relacionados com a emancipação da mulher. Então não é que a bicicleta contribuiu para tornar a mulher mais livre e dona do seu nariz? Tudo isso aconteceu nos finais do século XIX e as americanas de francesas foram as pioneiras no uso da bicicleta, apesar de um médico francês afirmar que a fricção com as partes íntimas poderia tornar a mulher estéril. A mulher ao pegar numa bicicleta decidia onde ir e com quem, sem precisar de dar satisfações a ninguém. Passaram a circular pelo espaço público, ainda com grandes saias e espartilhos. O uso da bicicleta contribuiu para a mudança do vestuário feminino que se tornou mais leve, mais confortável facilitando a circulação de bicicleta. A bicicleta teve o condão de propiciar a reforma do vestuário feminino, mudando também as atitudes sociais em relação à roupa feminina. Maria Pognon, presidente da Liga Francesa de Direitos da Mulher, afirmava que a bicicleta era “igualitária e niveladora”, ajudando a “libertar o nosso sexo”. A palavra liberdade é a que melhor se ajusta à bicicleta. A bicicleta trouxe às mulheres liberdade de movimento e de deslocação, directa e indirectamente, deixando um legado que se estende aos dias de hoje. Ao abordar a questão da mulher e da bicicleta deparámo-nos com muita informação o assunto. Soubemos então que a iraniana Ishbel Taromsari está ou esteve na estrada há dois anos com a sua bicicleta. Se no passado a aventura era uma jornada pessoal, desde setembro de 2016 a volta ao mundo ganhou um novo caráter: no dia 10 daquele mês, Ali Khamenei, líder supremo do Irão, emitiu uma ordem que proibia as mulheres de andar de bicicleta em público. Por isso algumas mulheres foram obrigadas a assinar um documento em que prometiam nunca mais andar de bicicleta. Elas planeavam participar de um evento de ciclismo, mas tiveram de desistir, pois não teriam como treinar: os parques exclusivos para mulheres seriam os únicos locais onde poderiam pedalar.  Como não podiam andar de bicicleta as iranianas decidiram postar selfies e vídeos a pedalar. Ishbel, que integrava a equipa nacional de ciclismo feminino do país, fez desta a sua bandeira e engrossa o coro a favor dos direitos das mulheres. Concluindo a bicicleta também contribuiu para a emancipação da mulher.

 

 

Luísa Fançony | Directora Geral
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24 ANOS

SONHAR, OUSAR, FAZER DIFERENTE

 

FUI AO CINEMA

A RAINHA KATWE

Hoje fui à ante estreia do filme. Penso não ter ido ao cinema em Angola, há mais de quarenta anos. Na minha meninice ia às matinées no Cine Teatro de Silva Porto. Aí vi a maior parte dos filmes da época, pelo menos os que eram para menores de dezoito anos. Depois disso fui ao cinema muito poucas vezes em Angola. Hoje fui ao cinema. A um complexo muito bonito e a uma sala grande e confortável. Não faltaram as pipocas, aquelas que afastaram definitivamente o meu marido das salas de cinema no exterior do país. No meu programa AFRIKHYA tinha reproduzido a opinião de Sousa Jamba sobre o conteúdo do filme e depois de saber que ele seria exibido em Angola, fui ver o que se dizia dele em alguns sites. A Helena Casimiro que tem estado emprestada à rádio e faz com outros jovens o MATABICHO DE DOMINGO, foi a grande impulsionadora da presença do filme entre nós. Ela diz que se sentiu motivada por várias razões e uma delas o facto do filme ser da Disney que sempre nos deu a ver a beleza das princesas loiras e brancas e que na Rainha do Katwe mostra uma África vencedora e uma “princesa” de carrapitos na cabeça. Não se pode dizer que o filme mostre um conto de fadas negras. O drama da vida de uma família monoparental alterna momentos de sucesso da protagonista com os desaires de quem é pobre e vive em condições muito precárias. Ainda me doem os olhos, de deixar tanta lágrima aflorar e lutar para que não escorresse pelo rosto abaixo. Algumas cenas tocam até os corações mais empedernidos. Eu, com a idade, emociono-me com um olhar, com uma palavra. O filme mostra a pobreza de uma povoação de Harare onde vive Phiona, mas mostra também os colégios da cidade com os meninos bem. Mostra a violência da extrema pobreza de onde sai Phiona, com uma mãe vendedora de milho e principalmente a tenacidade do treinador, um engenheiro que trabalha para o estado e recusa um bom salário no privado para poder ficar com os seus “pioneiros”. O filme mostra um pouco de tudo o que acontece em qualquer parte do mundo. Prostituição, sedução, lixo, as desgraças provocadas pela chuva, uma gravidez indesejada, nada foi poupado ou embelezado. Concordo com Sousa Jamba que destacou o papel do engenheiro na sua crónica LIDERES QUE SONHAM falou do filme rodado no Uganda e na África do Sul com o nome RAINHA DO KATWE. O jornalista colocou ênfase na liderança do jovem engenheiro que apoiado por uma igreja tenta organizar os jovens daquele bairro pobre ensinando-lhes xadrez. Graças à liderança deste treinador que motiva os jovens do ghetto ugandense, o mundo passou a saber de uma das maiores fraquezas que o continente africano vai enfrentando o desafio de mobilizar e organizar o capital humano. O poderio do continente africano está no talento do seu povo. Lideres como o engenheiro do filme não se conformam com o status quo. Eles sonham e dedicam as suas vidas mobilizando as pessoas para a realização desses sonhos. Ao assistir hoje à projecção do filme constatei que ele tem razão. Para mim também o herói é o engenheiro, o treinador de Phiona e do irmão.

 

 

 

 

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