CRÓNICA DE VIAGEM (para um programa de rádio EMOÇÕES NO FEMININO)
25 anos da LAC - UMA RÁDIO DE PRINCIPIOS
Muito boa noite
A LAC promoveu durante este ano, uma série de actividades comemorativas dos seus vinte e cinco anos.
Todas as empresas assinalam as suas datas, mas os meios de comunicação, que se dirigem a uma gama muito variada de pessoas, que são o foco da sua missão, costumam partilhar com elas esses momentos. Foi o que a LAC fez. Promoveu uma série de eventos para os seus ouvintes. O programa incluiu parcerias com diversas entidades, ligadas ao desporto, à cultura e contou com o patrocínio do BCI.
Hoje estamos aqui para homenagear muitas pessoas e entidades que ao longo destes vinte e cinco anos, de forma pontual ou continuada, graciosamente, ou minimamente retribuída, dedicaram a sua atenção à LAC.
Só assim conseguimos vencer muitos obstáculos e chegar ate aqui com altos e baixos, mas sempre com o sentido do equilíbrio. Com algumas desistências intempestivas na programação fruto de incompreensões mais sentidas do que impostas.
Só assim, com a presença de quadros de grande capacidade técnica, conseguimos ser uma referência da radiodifusão angolana.
Recebam o certificado que representa aquilo a que se pode chamar defesa de princípios. A LAC é uma estação com princípios e que os procura disseminar na nossa sociedade. Assim nada mais justo que homenagear os nossos amigos, alguns deles já partidos deste mundo. Há igualmente neste particular, uma chamada para aqueles trabalhadores que vestem a camisola da LAC e dedicam horas e horas a trabalhar nos diferentes projectos sem olhar a horários e a remunerações extra.
Não vale a pena nesta noite falar do nosso negócio, só queremos festejar! Convido-vos a isso à festa dos nossos vinte e cinco anos. Muito obrigado a todos.
EMOÇÕES NO FEMININO
BAÚ DE RECORDAÇÕES
Ouvintes muito boa tarde 28 de Maio de 1993
Sexta-feira termina mais uma semana. A LAC termina em grande, com uma entrevista que o Presidente da República concedeu aos jornalistas ISMAEL MATEUS e PAULA SIMONS. É assim a vida dos jornalistas. De vez em quando compensada com um trabalho de responsabilidade, ao mais alto nível. Não que o trabalho diário, não lhes traga satisfação. Trás e muita! Mas, é preciso de vez em quando levar as preocupações dos cidadãos, que escrevem, telefonam aos responsáveis e ouvir as suas respostas. Os ouvintes da Lac estão de parabéns.
(extracto da conversa com os ouvintes no horário das 18 às 19 horas)
Luisa Fançony
Directora Geral
luisa.fancony@lacluanda.co.ao
Tlm: +244 912 510 946
EMOÇÕES NO FEMININO
EMOÇÕES NO FEMININO
A BICICLETA E A EMANCIPAÇÃO DA MULHER
Andar de bicicleta fez mais pela emancipação da mulher do que qualquer outra coisa no mundo”, dizia a feminista americana Susan Anthony, no final do século XIX.
Caros leitores com as facilidades actuais, não custa encontrar temas interessantes relacionados com a emancipação da mulher. Então não é que a bicicleta contribuiu para tornar a mulher mais livre e dona do seu nariz? Tudo isso aconteceu nos finais do século XIX e as americanas de francesas foram as pioneiras no uso da bicicleta, apesar de um médico francês afirmar que a fricção com as partes íntimas poderia tornar a mulher estéril. A mulher ao pegar numa bicicleta decidia onde ir e com quem, sem precisar de dar satisfações a ninguém. Passaram a circular pelo espaço público, ainda com grandes saias e espartilhos. O uso da bicicleta contribuiu para a mudança do vestuário feminino que se tornou mais leve, mais confortável facilitando a circulação de bicicleta. A bicicleta teve o condão de propiciar a reforma do vestuário feminino, mudando também as atitudes sociais em relação à roupa feminina. Maria Pognon, presidente da Liga Francesa de Direitos da Mulher, afirmava que a bicicleta era “igualitária e niveladora”, ajudando a “libertar o nosso sexo”. A palavra liberdade é a que melhor se ajusta à bicicleta. A bicicleta trouxe às mulheres liberdade de movimento e de deslocação, directa e indirectamente, deixando um legado que se estende aos dias de hoje. Ao abordar a questão da mulher e da bicicleta deparámo-nos com muita informação o assunto. Soubemos então que a iraniana Ishbel Taromsari está ou esteve na estrada há dois anos com a sua bicicleta. Se no passado a aventura era uma jornada pessoal, desde setembro de 2016 a volta ao mundo ganhou um novo caráter: no dia 10 daquele mês, Ali Khamenei, líder supremo do Irão, emitiu uma ordem que proibia as mulheres de andar de bicicleta em público. Por isso algumas mulheres foram obrigadas a assinar um documento em que prometiam nunca mais andar de bicicleta. Elas planeavam participar de um evento de ciclismo, mas tiveram de desistir, pois não teriam como treinar: os parques exclusivos para mulheres seriam os únicos locais onde poderiam pedalar. Como não podiam andar de bicicleta as iranianas decidiram postar selfies e vídeos a pedalar. Ishbel, que integrava a equipa nacional de ciclismo feminino do país, fez desta a sua bandeira e engrossa o coro a favor dos direitos das mulheres. Concluindo a bicicleta também contribuiu para a emancipação da mulher.
Luísa Fançony | Directora Geral
luisa.fancony@lacluanda.co.ao
Tlm: +244 912 510 946
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24 ANOS
SONHAR, OUSAR, FAZER DIFERENTE
FUI AO CINEMA
A RAINHA KATWE
Hoje fui à ante estreia do filme. Penso não ter ido ao cinema em Angola, há mais de quarenta anos. Na minha meninice ia às matinées no Cine Teatro de Silva Porto. Aí vi a maior parte dos filmes da época, pelo menos os que eram para menores de dezoito anos. Depois disso fui ao cinema muito poucas vezes em Angola. Hoje fui ao cinema. A um complexo muito bonito e a uma sala grande e confortável. Não faltaram as pipocas, aquelas que afastaram definitivamente o meu marido das salas de cinema no exterior do país. No meu programa AFRIKHYA tinha reproduzido a opinião de Sousa Jamba sobre o conteúdo do filme e depois de saber que ele seria exibido em Angola, fui ver o que se dizia dele em alguns sites. A Helena Casimiro que tem estado emprestada à rádio e faz com outros jovens o MATABICHO DE DOMINGO, foi a grande impulsionadora da presença do filme entre nós. Ela diz que se sentiu motivada por várias razões e uma delas o facto do filme ser da Disney que sempre nos deu a ver a beleza das princesas loiras e brancas e que na Rainha do Katwe mostra uma África vencedora e uma “princesa” de carrapitos na cabeça. Não se pode dizer que o filme mostre um conto de fadas negras. O drama da vida de uma família monoparental alterna momentos de sucesso da protagonista com os desaires de quem é pobre e vive em condições muito precárias. Ainda me doem os olhos, de deixar tanta lágrima aflorar e lutar para que não escorresse pelo rosto abaixo. Algumas cenas tocam até os corações mais empedernidos. Eu, com a idade, emociono-me com um olhar, com uma palavra. O filme mostra a pobreza de uma povoação de Harare onde vive Phiona, mas mostra também os colégios da cidade com os meninos bem. Mostra a violência da extrema pobreza de onde sai Phiona, com uma mãe vendedora de milho e principalmente a tenacidade do treinador, um engenheiro que trabalha para o estado e recusa um bom salário no privado para poder ficar com os seus “pioneiros”. O filme mostra um pouco de tudo o que acontece em qualquer parte do mundo. Prostituição, sedução, lixo, as desgraças provocadas pela chuva, uma gravidez indesejada, nada foi poupado ou embelezado. Concordo com Sousa Jamba que destacou o papel do engenheiro na sua crónica LIDERES QUE SONHAM falou do filme rodado no Uganda e na África do Sul com o nome RAINHA DO KATWE. O jornalista colocou ênfase na liderança do jovem engenheiro que apoiado por uma igreja tenta organizar os jovens daquele bairro pobre ensinando-lhes xadrez. Graças à liderança deste treinador que motiva os jovens do ghetto ugandense, o mundo passou a saber de uma das maiores fraquezas que o continente africano vai enfrentando o desafio de mobilizar e organizar o capital humano. O poderio do continente africano está no talento do seu povo. Lideres como o engenheiro do filme não se conformam com o status quo. Eles sonham e dedicam as suas vidas mobilizando as pessoas para a realização desses sonhos. Ao assistir hoje à projecção do filme constatei que ele tem razão. Para mim também o herói é o engenheiro, o treinador de Phiona e do irmão.