EMOÇÕES NO FEMININO


“E para aqui estamos Mussunda amigo”. Com muitas notícias quentes, que fazem a delícia de quem gosta de notícias quentes…e para gáudio de quem gosta de ver o circo pegar fogo. Mas na verdade estamos todos muito tristes. Tristes por não termos tido pessoas honestas e trabalhadoras à frente de sectores importantes. Tristes por sabermos que várias pessoas se resguardaram debaixo de uma sombrinha que pensavam segura. Tristes e envergonhados, porque ao fazer-se justiça se destapam muitas coisas mal feitas. Quando se anunciou que se iria corrigir o que está mal, sabendo-se que muita coisa estava mal, não pensávamos nas pessoas responsáveis por essas coisas mal feitas. O Jornal de Angola ao assinalar um ano de governação, reproduziu as palavras do Presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira que disse no dia da posse do novo presidente angolano “os limites únicos do poder que lhe foram conferidos pelo povo são os que constam da Constituição, da Lei e do dever de servir a nação. Não há outro, Senhor presidente. A partir de hoje abre-se aos seus pés e para os próximos cinco anos, uma via expressa para fazer o que prometeu aos angolanos. Corrija o que está mal, melhore o que está bem, combata a corrupção, fortaleça o estado democrático e de direito, diversifique a economia e melhores a qualidade de vida dos angolanos”. Enfim a vida contínua e a par desse sentimento de tristeza e de algum temor de que a justiça não siga todos os procedimentos, temos a esperança de um país melhor, mais transparente, mais amigo do seu povo. Emoções no feminino. Muitas emoções como vimos fazendo referência ao primeiro ano de governação do presidente João Lourenço e infelizmente nesse tempo não foi possível aprovar o novo código penal. Quando ouvimos o Ministro da justiça falar sobre a última proposta sobre o fracturante assunto do aborto, pensávamos que estava tudo resolvido, pois ele falava nas restrições e embora não concordássemos, do mal o menos. Não concordamos de todo, que a interrupção da gravidez seja um crime punido com até 10 anos de prisão. De acordo com a última proposta a interrupção da gravidez seria admissível apenas em situação de malformação do feto, violação sexual, casos de incesto e sempre que a vida da mãe esteja em perigo. Mas foi achado aconselhável e prudente voltar às comissões da especialidade. Os partidos da oposição não estão todos de acordo. Fala-se em deitar fora filhos a partir do ventre materno. Na verdade, há muita hipocrisia no tratamento desta matéria. Todos conhecem a opinião da Igreja Católica. Muito bem. Dos partidos políticos com pessoas que pensam pelas suas próprias cabeças, não se aceita que façam determinados comentários em pleno século XXI.  Sabe-se por outras vias que muitos dos responsáveis a diferentes níveis, conseguem que as suas aventuras fortuitas ou permanentes, se desenvencilhem de gravidezes importunas. As nossas ruas mostram a vida infeliz que têm as crianças trazidas ao mundo fruto de relações pontuais. Sabe-se que as mulheres desesperadas com uma gravidez indesejada, procuram desenvencilhar-se entregando-se em mãos pouco escrupulosas que muitas vezes as levam à morte. Sabe-se do martírio que é para os pais uma criança que nasça com malformações incuráveis. Pode-se imaginar como se sente alguém fruto de um relacionamento incestuoso, se conseguir ser equilibrado psicologicamente. Porquê tapar o sol com a peneira. Trata-se de cinismo criminoso. E este reparo não é só para os homens, mas sobretudo para as mulheres, que engrossam o número de pessoas que querem que o aborto seja penalizado. Toda a gente sabe que o facto de haver uma lei que permita o aborto, não obriga ninguém a abortar. Quem não concorda, não aborta e cria os filhos que as circunstâncias legais protegem, por seu único risco.

Luisa Fançony




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