Programa EMOÇÕES NO FEMININO do dia 13 de Junho de 2019

Ouvintes muito boa tarde
Viajar é preciso. É um slogan antigo sempre renovado para quem tem possibilidades de o cumprir. Cada viagem trás coisas novas mesmo que seja para o mesmo local. Mesmo que a distância seja curta. Muitos angolanos conhecem Cuba. Estudaram em Cuba. Foram para lá meninos e vieram homens. Muitos angolanos conhecem os cubanos. Foram seus professores, médicos ou em alguma situação lidaram com alguém de Cuba. Alguns angolanos dizem que devemos muito a Cuba e outros dizem que os cubanos nos devem algumas coisas que levaram pela porta do cavalo; Muitos cubanos estiveram em Angola; muitos perderam a vida em Angola. Em Cuba agora os mais velhos conhecem Angola de Agostinho Neto e não movem qualquer outro sentimento pelos angolanos senão essa lembrança longínqua de uma angola e de um nome Agostinho Neto. Para os mais jovens foi por causa de Angola que morreram os cubanos. Mas cuba estrangulada com bloqueios e com uma centralização ainda acentuada sabe receber. E recebe milhares de turistas. Para os angolanos já livres do mesmo regime até pode ser um exemplo no que toca ao turismo de que tanto se fala. Há uma corrida às suas praias e lugares antes que tudo mude e já não haja um carro dos anos cinquenta a circular pelas suas ruas. Lugar da rumba e da Bodeguita del Medio, com musica por todos os lados, Cuba é um lugar a visitar. Diz um agente turístico - Cuba é um país que atrai muitos turistas por dois motivos: primeiro porque é uma ilha situada no mar do Caribe, portanto possui praias paradisíacas. Segundo, pela sensação de estar em um país que parou no tempo. Cuba é uma país de contrastes:  ao mesmo tempo vê-se muita cultura, muita história, muita beleza e um povo muito amistoso e caloroso; mas lida-se também com as dificuldades de um país que não acompanhou as evoluções do mundo moderno. O importante é que: quem faz turismo em Cuba se apaixona pelo lugar, pela sua gente e sai de lá sempre a recomendar a visita ao país. . Por um lado é impressionante a sensação de se estar de volta aos anos 50, com os carros antigos e os prédios exatamente como eram nos tempos da Revolução, que aconteceu em 1959. Muitos prédios, especialmente os hotéis e museus foram restaurados pelo governo e têm melhores condições, valorizando a arquitetura do lugar. Por outro, é uma cidade degradada, com muitos prédios abandonados e outros que parecem que vão ruir a qualquer momento. A música está presente em todas as visitas.
Disco
Hoje dedicamos o nosso programa a uma viagem a Cuba que visitámos há dias integrados numa grande comitiva de salseiros. Como os ouvintes sabem há por todo o mundo escolas de dança que privilegiam a salsa e que hoje em dia incluem a kizomba. De Angola foram mais de vinte pessoas, na sua maioria jovens integrantes da escola Pé de Salsa, da conhecida professora Natchova Hendrick. De Portugal cerca de 100 salseiros a que se juntaram duas ou três pessoas de outras nacionalidades. Do programa constavam naturalmente muitos momentos de dança, e para além deles todos os outros foram aproveitados para em grupo dar azo ao prazer de mover o corpo. Os salseiros são gente animada, barulhenta e bem-educada. Todas as possíveis falhas encontradas, foram amplamente esbatidas por uma organização impecável, que tinha no programa um dress code diário, do vermelho ao branco, e a eleição de uma corte constituída por um rei e uma rainha, eleitos por voto secreto, pelos participantes. Se o Hotel estava superlotado e os melhores quitutes implicavam uma fila em frente à grelha, se a qualidade da roupa de quarto deixava a desejar, os desenhos que as camareiras nos deixavam em cima da cama faziam-nos sorrir e tirar mais uma foto. Nem tudo foi perfeito, mas a estadia no Grand Memories com a sua linda praia de areia branca e água azul, ficarão para sempre na nossa memória. A boa disposição alimentada a pinha colada e cuba libre, nunca excedeu os limites de uma boa compostura. As escolas de dança movimentam o mundo com os seus adeptos – congressos, viagens turísticas, workshops ocorrem anualmente de Cape Town a Nova York. Luanda já realizou vários eventos do género e prepara-se para em fins de Outubro e início de Novembro fazer um Festival Internacional, com uma Mussulada Africana no meio. Angola vai entrando na rota do turismo da dança.
Disco
Hoje estamos sob o signo da dança e das viagens em torno dela. Nem tudo foram rosas, como é natural. E mesmo sempre em atitude defensiva contra opiniões desfavoráveis relativamente a Cuba, não pudemos deixar de ficar com uma opinião desfavorável ao ver um fio esverdeado a correr pelas ruas de Havana e de Matanzas, sinal de que os esgotos não funcionam. Também não gostámos da visita ao Callejon de Hamel, um local que acolhe uma escola de arte para crianças e que consta dos itinerários de todos os turistas que visitam Havana. Uma pequena rua, ornamentada com banheiras com plantas e outros efeitos artísticos, com pequenos bares e um pretenso estúdio fotográfico, mas com um ar demasiado sem graça, cheio de pedintes de todas as idades a abordar ostensivamente os turistas. Deveria haver um local para doações no nosso entender e não deixar que num espaço tão pequeno e tão sem graça, se estendessem tantas maõs em busca de um cuc – o peso dos turistas. Deixámos o local e fomos dar um passeio por Havana num triciclo puxado pelo Franco, um simpático cidadão que orgulhoso nos mostrou o restaurante onde Barak Obama foi comer, um atelier de arte moderna, um restaurante num segundo andar que disse ser muito bom, enquanto ligava a música num pequeno receptor – tenho Bluetooth disse todo sorridente. O passeio fez-se pelo Barrio Chino e por umas ruas com casas de aspecto degradado com pessoas à soleira das portas, tal como vemos nos postais daquele país do Caribe. A pé percorrermos o Malecon até perto do Morro, que tem um túnel de entrada na cidade e fomos almoçar à Bodeguita del Médio onde nos esperavam outros membros da nossa delegação. Foi uma festa dentro e fora do pequeno e mundialmente conhecido restaurante. Em Varadero e a partir da sua marina houve quem partisse num moderno catamaran para brincar com golfinhos num local no meio do oceano. A discoteca e a Calle 62, foram locais frequentados pelos alegres e simpáticos integrantes da delegação portuguesa, que como dissemos incluía vinte e tal angolanos. Uma referência ao projecto Munhequitas de Matanzas, com um workshop no hotel e uma visita à sua sede, onde em plena rua se exibiram os seus integrantes e os excursionistas dançaram e comeram uma deliciosa refeição de porco assado. As nossas emoções voltaram-se hoje para essa visita a Cuba que não incluiu os diferentes locais históricos e turísticos que aquele país oferece.
Disco
E vamos terminar. Hoje estivemos em Cuba, onde as nossas emoções estiveram à prova. Um país que tem muito significado para Angola e que para os cubanos tem um misto de indiferença e até de mágoa para a gente jovem. Para nós mais velhos, sempre na defensiva contra os comentários não abonatórios aqui e a ali, que culminaram com a chegada a Lisboa, e o desabafo de uma jovem – chegámos à civilização. Quando nos preparamos para incentivar viagens turísticas ligadas à dança, sabemos que não escaparemos a umas dicas do género perante as nossas insuficiências. Mas vai valer a pena. Boa tarde.


Luisa Fançony
Directora Geral
luisa.fancony@lacluanda.co.ao
Tlm: +244 912 510 946



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