PAPOITES E CATORZINHAS

PAPOITES E CATORZINHAS

Há tempos lemos alguns comentários de José Kaliengue no editorial da revista VIDA sobre os relacionamentos das jovens com homens mais velhos a quem chamam de Papoites.  O autor sempre atento a todos os fenómenos conta-nos  o que acontece e nós fingimos que tomamos conhecimento, já que vamos ouvindo aqui e ali essas conversas, mas não prestamos muita atenção, até que um amigo ou conhecido, nos aparece, com uma amiguinha, novinha, fresquinha, enfim uma novidade. Se for angolano é chamado de papoite  e é  considerado um cheque em branco, para a jovem conseguir, roupas, casa, viagens. 

Há uma outra forma encontrada pelas jovens para garantir uma vida mais confortável. São os estrangeiros, alguns deles com um aspecto quase de avôs delas, mas que as levam aos restaurantes e às festas de abanar o capacete. Alguns destes senhores fazem figuras tristes aos nossos olhos, sobretudo a quem os conheça fora  ou mesmo dentro de Angola já as suas esposas de vez em quando vêm passar férias. Nada contra eles, nem contra elas, apenas é mais um fenómeno, que não dá segurança aos relacionamentos. São uniões que respondem aos interesses de ambas as partes. Uma parte está momentaneamente sozinha e a outra quer usufruir de uma vida melhor, fazer up grade à sua condição. 

É triste que as únicas formas que as raparigas encontrem sejam tão inseguras e tão interesseiras, a maior parte das vezes o amor não entra nestes relacionamentos. Que tipo de raparigas se agarram aos papoites e aos estrangeiros mais velhos, alguns deles bem barrigudos, feios e  sem muita instrução. O que nos interessa são as jovens, que deveriam estar a estudar ou a trabalhar ou a fazer as duas coisas ao mesmo tempo, com sacrifício, mas com muita honestidade e integridade. O que nós pretendemos é ter jovens instruídas. Não conseguimos ter percentagens, mas como por outro lado ouvimos falar de muita degradação, muita promiscuidade, ficamos com uma ideia, possivelmente errada, de que as jovens luandenses, só estão à caça de papoites e de estrangeiros para usufruírem de alguma comodidade. Também neste capítulo são necessárias pesquisas, dados, números. 

Na verdade, o problema que vivemos diz respeito às carências das famílias. Carências financeiras e morais. Estamos todos de acordo com isso, menos os papoites que se aproveitam da situação, namorando meninas da idade das filhas. Nas  relações das nossas jovens com estrangeiros, normalmente casados nos seus países,  há algumas questões a favor, se houver alguma paixão ou amor. A relação entre os homens mais velhos com moças mais jovens tem algumas vantagens escrevem os experts.  Mais segurança, realização profissional dele, ascensão social e até financeira dela. A energia da jovem estimula o parceiro. O parceiro  sente-se mais forte, mais potente, mais necessário, mais útil. Mas há as dificuldades... 

Nessas relações, dificilmente, a mulher consegue compreender os conflitos próprios da idade mais avançada, pois ela não viveu certas situações.... A jovem nunca esteve casada. Não tem como entender como é. E também não diferencia bem os sentimentos do amado.  Outra dificuldade comum é que muitas mulheres jovens acabam por passar por interesseiras.  Nem sempre, o dinheiro é o motivo principal do interesse da jovem mulher, mas contribui. Se a relação se tornar efectiva a diferença de idades que parecia aparente, e que  não  interferiu no início, vinte anos depois, as marcas tornam-se evidentes. A mulher passa a ter mais noção do que é belo, sabe o que a atrai num homem, conhece mais o seu corpo, tem mais experiência sexual e  está mais disponível, mais solta, mais liberta... É o momento em que a mulher, também, está estruturada profissional e socialmente, então, surgem novos problemas. Relações humanas, sempre complicadas sobretudo se acrescermos a isso, uma sociedade desestruturada, onde  o anormal parece ter mais força do que o normal.


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