Mais um texto

OS FANÇONY

 

Este editorial foi escrito para o editorial da revista Talentos, por ocasião do  6º almoço de confraternização da família Fançony. Agora que um dos seus membros mais jovens sofreu um rude golpe o que mesmo assim não levou a que a família se juntasse, recordo esse texto.

Uma das matérias desta edição retrata um pouco do que foi o 6º almoço da família Fançony a que eu pertenço. Para além dela, temos um dossier interessante sobre o RAP e o percurso de uma personalidade muito conhecida no meu álbum. Há muitos outros motivos de interesse para um leitor mais exigente, pelo que tenho a certeza de que, a caminho dos seus dez anos de existência, a Talentos estar cada vez mais atractiva.

No dia 5 de Maio a família Fançony esteve reunida e por razões conhecidas houve publicidade ao facto. O que é que se pretende com esses encontros? O que resulta desse esforço? É claro que os momentos de convívio são salutares. Há abraços, beijos, recordações. Há realmente momentos agradáveis. Há festa no seu verdadeiro sentido. Os actuais membros da família pretendem incrustar uma tradição que ela não tem. Descendentes de um mesmo individuo, no caso italiano, espalhados pelo mundo, levando ou não o apelido, nunca funcionaram como um grupo que se ampara e se promove. Há-os em todas as profissões e condições sociais. Fala-se de afilhados que levaram o apelido dos padrinhos. Muitos dos seus actuais membros, foram atirados pelos seus progenitores para a vida sem amparo, tendo superado dificuldades para se tornarem homens e mulheres de valor. Possivelmente se passará a mesma coisa com as outras famílias de apelidos mais sonantes, pelos cargos públicos que ocupam. Uma família com muitas famílias dentro. Para mim o nome Fançony significou na minha infância e adolescência, abandono. Filha de pais incógnitos, apesar do apelido, foi a minha avó batalhadora que subiu e desceu escadas de administradores de governantes, para falar desse absurdo que constava dos meus documentos, já que o meu pai era filho dela e por isso não poderia ser incógnito. Ser Fançony só se valorizou, depois de casada e mãe de dois filhos, quando o Pedro declarou que nós deveríamos dar início a uma nova era de Fançony's. Só depois disso, é que conheci o meu pai. Para mim, os Fançony não têm passado. Os Fançony somos nós hoje. O nome respeitado que trazemos fomos nós que o construímos. Com os encontros estamos todos a despertar para um vínculo, que nunca nos trouxe qualquer vantagem, nem afectiva nem material. Daí a indiferença de quantos, mesmo não enxergando qualquer benefício nesses encontros, comparecem em busca de uma chama. O Carlos Pacheco deu um alento e o actual embaixador de Itália também. Estamos a resgatar o peso de uma família que, no meu núcleo, não deixou referências. O dia do almoço é um dia pertença. Um dia da comunidade Fançony, um dia que  se pode reflectir em outros dias, onde cada um sai fortalecido para o seu que fazer diário, actuando com a responsabilidade que o apelido, o sangue ou a proximidade com a família lhe confere.

 

 

Um tema para o Blogue

AMOR AO PRÓXIMO

O tema é inspirado no título do livro de José Carlos de Almeida, dedicado ao estudo da língua portuguesa e que tem o prefácio de Filipe Zau.  Como sabemos o Dr Filipe Zau lançou também uma obra no passado dia 14 com o título  DO ACTO EDUCATIVO AO EXERCICIO DA CIDADANIA. "Este bom trabalho, tal como o anterior, escreve o prefaciador, em relação ao Amor ao próximo tem o mérito de descomplexadamente, se constituírem em dois indispensáveis meios didácticos para a boa comunicação e para a boa aprendizagem da língua portuguesa. As línguas, todas elas, tal como o ar que respiramos, não têm dono, porque fazem parte do património da humanidade. Consequentemente, uma comunicação sem indesejáveis interferências, melhor concorre para a realização do acto formativo e educativo, cujos fins estão obviamente direccionados para a actividade laboral, para a cultura e para o exercício pleno de cidadania. José Carlos de Almeida anota todas os erros dados pelos angolanos na língua portuguesa e faz a correcção de uma forma simples e directa. Na verdade há expressões que são de tal forma repetidas que vão acabar por se enraizar e sair da norma definitivamente no nosso país. A Drª Helena Miguel tem um estudo sobre a forma como em Angola se usam os pronomes. Já todos vimos, que os erros cometidos aí, são dados de uma forma transversal por pessoas de todos os extractos sociais. A LAC tem um spot com uma das vozes mais bonitas da nossa música onde há um erro desse tipo. Na página 54 do livro AMOR AO PRÓXIMO, José Carlos de Almeida explica essa confusão entre os verbos transitivos e intransitivos - Ouvimos com frequência - convido-lhe para a minha festa, gostava de lhe conhecer - vi-lhes, etc. etc....Tem sido, como os ouvintes sabem uma das nossas preocupações, sobretudo no que toca à comunicação social. Naturalmente que algumas das questões que apontamos hoje como erros, vão acabar por entrar para a nossa gramática, tal como acontece com os brasileiros, que têm grande influência nalgumas expressões usadas pelos angolanos. Ainda recentemente partilhamos um vídeo de uma senhora chamada  LAURA MARINHA UGLIELMELLI           e que de uma forma cómica corrige os erros de português, ela própria dando indicações que para nós são incorrectas mas que são utilizadas assim pelos brasileiros. Enfim AMOR AO PRÓXIMO um livro lançado recentemente e que nos foi remetido pelo seu autor, o que agradecemos tal como a inclusão do nosso nome na longa lista de agradecimentos. Falar do AMOR AO PRÓXIMO, remete-nos a conceitos religiosos. E o amor ao próximo está ligado a uma elevação do nosso carácter Para chegar a isto, para alcançar esse nível de sentir pelo próximo e pensar nele igual ao que se sente e pensa sobre si, a pessoa tem que elevar-se do seu nível físico e esforçar -se por viver sua vida dentro de parâmetros elevados e direccionar estes instintos naturais para o bem do próximo. AMOR AO PRÓXIMO,  trata da língua portuguesa e das questões de educação. Os diálogos que o livro apresenta são todos no sentido de dar uma boa orientação às pessoas. Podemos então considerar que este constante olhar e ouvido, reflecte o amor que o autor tem aos seus próximos. A convivência enriquece a pessoa porque todo o ser humano necessita de respeito, carinho e reconhecimento.

 

           

 

PAPOITES E CATORZINHAS

PAPOITES E CATORZINHAS

Há tempos lemos alguns comentários de José Kaliengue no editorial da revista VIDA sobre os relacionamentos das jovens com homens mais velhos a quem chamam de Papoites.  O autor sempre atento a todos os fenómenos conta-nos  o que acontece e nós fingimos que tomamos conhecimento, já que vamos ouvindo aqui e ali essas conversas, mas não prestamos muita atenção, até que um amigo ou conhecido, nos aparece, com uma amiguinha, novinha, fresquinha, enfim uma novidade. Se for angolano é chamado de papoite  e é  considerado um cheque em branco, para a jovem conseguir, roupas, casa, viagens. 

Há uma outra forma encontrada pelas jovens para garantir uma vida mais confortável. São os estrangeiros, alguns deles com um aspecto quase de avôs delas, mas que as levam aos restaurantes e às festas de abanar o capacete. Alguns destes senhores fazem figuras tristes aos nossos olhos, sobretudo a quem os conheça fora  ou mesmo dentro de Angola já as suas esposas de vez em quando vêm passar férias. Nada contra eles, nem contra elas, apenas é mais um fenómeno, que não dá segurança aos relacionamentos. São uniões que respondem aos interesses de ambas as partes. Uma parte está momentaneamente sozinha e a outra quer usufruir de uma vida melhor, fazer up grade à sua condição. 

É triste que as únicas formas que as raparigas encontrem sejam tão inseguras e tão interesseiras, a maior parte das vezes o amor não entra nestes relacionamentos. Que tipo de raparigas se agarram aos papoites e aos estrangeiros mais velhos, alguns deles bem barrigudos, feios e  sem muita instrução. O que nos interessa são as jovens, que deveriam estar a estudar ou a trabalhar ou a fazer as duas coisas ao mesmo tempo, com sacrifício, mas com muita honestidade e integridade. O que nós pretendemos é ter jovens instruídas. Não conseguimos ter percentagens, mas como por outro lado ouvimos falar de muita degradação, muita promiscuidade, ficamos com uma ideia, possivelmente errada, de que as jovens luandenses, só estão à caça de papoites e de estrangeiros para usufruírem de alguma comodidade. Também neste capítulo são necessárias pesquisas, dados, números. 

Na verdade, o problema que vivemos diz respeito às carências das famílias. Carências financeiras e morais. Estamos todos de acordo com isso, menos os papoites que se aproveitam da situação, namorando meninas da idade das filhas. Nas  relações das nossas jovens com estrangeiros, normalmente casados nos seus países,  há algumas questões a favor, se houver alguma paixão ou amor. A relação entre os homens mais velhos com moças mais jovens tem algumas vantagens escrevem os experts.  Mais segurança, realização profissional dele, ascensão social e até financeira dela. A energia da jovem estimula o parceiro. O parceiro  sente-se mais forte, mais potente, mais necessário, mais útil. Mas há as dificuldades... 

Nessas relações, dificilmente, a mulher consegue compreender os conflitos próprios da idade mais avançada, pois ela não viveu certas situações.... A jovem nunca esteve casada. Não tem como entender como é. E também não diferencia bem os sentimentos do amado.  Outra dificuldade comum é que muitas mulheres jovens acabam por passar por interesseiras.  Nem sempre, o dinheiro é o motivo principal do interesse da jovem mulher, mas contribui. Se a relação se tornar efectiva a diferença de idades que parecia aparente, e que  não  interferiu no início, vinte anos depois, as marcas tornam-se evidentes. A mulher passa a ter mais noção do que é belo, sabe o que a atrai num homem, conhece mais o seu corpo, tem mais experiência sexual e  está mais disponível, mais solta, mais liberta... É o momento em que a mulher, também, está estruturada profissional e socialmente, então, surgem novos problemas. Relações humanas, sempre complicadas sobretudo se acrescermos a isso, uma sociedade desestruturada, onde  o anormal parece ter mais força do que o normal.


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