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OS RITUAIS

 

 Neste mundo moderno, as tradições parecem a determinadas pessoas, coisas absurdas. A verdade é que o desenvolvimento das sociedades, não foi capaz de arranjar um sucedâneo para esses rituais. O resultado das nossas cidades não é muito animador apesar de ainda haver muita gente ligada às suas tradições. A revista Talentos, que agora tem nova gestão, mergulhou uma vez, nos rituais da circuncisão, da Casa da Tinta e do Efico. Há muita informação para digerir, já que estamos longe de equacionar os problemas que se criaram com o declínio dos ritos profanos tradicionais e também de outros relacionados com as instituições ocidentais de origem judaico-cristãs. Dizem os especialistas que os jovens procuram, eles próprios, os seus ritos numa perfeita confusão, para fazerem a transição entre a fase de criança e a de adulto. Um sociólogo afirma até que as tatuagens e os piercings são demonstrações da necessidade de uma dor iniciática. Só que essa busca não trás nenhuma transformação interior ao jovem e muitos deles acabam por ultrapassar os limites da sensatez, fazendo parte de gangs e mal feitores, tudo isso pela necessidade de pertencer a um grupo e de demonstrar maturidade. Há muitos jovens que seguem os rituais das suas famílias e cumprem escrupulosamente todas  as etapas - namoro, noivado, casamento, usando todos os acessórios próprios para cada cerimónia, muitas vezes reinventando-os. Os experts que consultei chamam ritos profanos contemporâneos ao desporto, à música, à política, que podem controlar a agressividade dos adolescentes, já que são actividades onde há exteriorização do sujeito. Dependendo  muito da cultura de cada país, uns celebram com rituais místicos, outros com religiosos mas cada um seguindo os hábitos e costumes do seu povo. Sou apologista de rituais e penso que, em vez de bradarmos contra a ocidentalização da nossa sociedade, deveríamos procurar introduzir alguns traços tradicionais da nossa cultura,  aos actos que marcam as nossas vidas. As festas de casamento, que hoje em dia são uma montra de vaidades, deveriam ser as primeiras a adquirir um carácter mais nosso. Ao casamento poderíamos acrescentar todos os acontecimentos que nos fazem mudar de estado: o nascimento do primeiro filho, a nossa licenciatura, o casamento enfim, momentos inesquecíveis. E há ainda os rituais familiares. De acordo com especialistas os rituais e rotinas familiares são fundamentais para prover união e fortalecimento das relações familiares, senso de identidade pessoal (principalmente de adolescentes), estabilidade, manutenção do contacto familiar e satisfação matrimonial. Os rituais são  simbólicos, duradouros e têm um significado afectivo porque ficam marcados na memória. Rituais como jantares em família, reuniões de domingo e tradições familiares fazem com que uma criança desenvolva um senso de pertença e do que é certo. Os rituais familiares são celebrações realizadas em família com uma carga simbólica e afectiva muito grande e são transversais a todas as culturas. Estes rituais dizem respeito ao bem estar do individuo e às respectivas relações com as suas unidades sociais. Com os rituais ganha significado ser membro de uma determinada família. Molda uma visão de grupo e confere a tal coesão familiar de que tanto precisamos. Os rituais familiares ou sentadas são actividades simbólicas, repetitivas, altamente valorizadas porque transmitem valores duradoiros, atitudes e objectivos familiares. Quase todos os países têm rituais, que se traduzem em manifestações culturais, a que as comunidades aderem entusiasmadas. Em vez de copiarmos essas tradições deveríamos implementar as nossas, adaptando-as sempre aos novos tempos.

 

 

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